sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Embalagens metalizadas são 100% recicláveis

Pacotes de salgadinhos e bolachas também podem ser coletados e se tornar um resistente papel sintético

Por Michele Roza


michele.roza@arcauniversal.com

Postos de coleta e reciclagem são diariamente abastecidos com montantes de papelão, latinhas, jornais, revistas, vidros e plásticos. O que nem todos sabem é que as embalagens plásticas metalizadas, utilizadas em pacotes de salgadinhos, biscoitos, bolachas e diversos outros produtos, também são 100% recicláveis. Elas devem levar um símbolo de identificação e ser coletadas juntamente com os outros tipos de plástico.

A matéria-prima usada nas embalagens laminadas é o Polipropileno Biorientado (BOPP). Ele apresenta maior resistência e menor espessura, e requer uma menor quantidade do material na fabricação dos filmes flexíveis. As embalagens de BOPP devem ser identificadas com um código 5. Com essa identificação, fica mais fácil para o produtor orientar o consumidor final a separar e descontaminar as embalagens para a reciclagem.

“Se houver esse trabalho, estaremos com boa parte do desafio da reciclagem vencido. Um grande volume de embalagens pós-consumo direcionado para coleta e reciclagem é descartado por excesso de contaminação e misturado com outros materiais. Em suma, o processo requer iniciativas concretas dos produtores, educação e atitude do usuário, e um sistema de coleta disponível”, afirma Aldo Mortara, gerente corporativo de tecnologia da Vitopel, empresa fabricante de filmes metalizados.

O Centro de Tecnologia de Embalagem e Instituto de Tecnologia de Embalagens para Alimentos (Cetea-Ital) avaliou os dados da reciclagem mecânica dos plásticos no Brasil e atestou que os filmes metalizados só não são mais reciclados por falta de informação e coleta seletiva do produto. Já no processo pós-industrial, quando há rebarbas e sobras de filmes que ainda não foram para o mercado, a reciclagem é maior. A indústria de reciclagem de plástico no País opera com 30% de ociosidade por falta de matéria-prima.

Reciclagem e papel sintético



No Brasil, a indústria do plástico recicla cerca de 21% dos pós-consumo, índice acima da média da União Européia. As embalagens plásticas coletadas e recicladas podem ser reutilizadas no mercado com novas funcionalidades, uma vez que, seguindo determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quando recicladas não podem voltar a ser embalagens para alimentos.
“As embalagens de BOPP pós-consumo recicladas podem ser reutilizadas na produção do próprio BOPP, como é o caso do papel sintético, e podem ser empregadas em outros processos de transformação, tais como baldes e alguns itens de uso doméstico, rótulos e etiquetas, embalagens externas ou de transporte, banners e displays”, explica o gerente de tecnologia.

A Vitopel, por exemplo, desenvolveu um papel sintético feito de plásticos reciclados do pós-consumo de embalagens metalizadas ou transparentes, rótulos e sacolas plásticas. Para cada tonelada do novo produto reciclado são retirados das ruas e depósitos cerca de 850 quilos de resíduos plásticos. O resultado final é um material de alta qualidade visual, similar ao papel couché, que permite a escrita manual e a impressão pelos processos gráficos. O papel sintético é resistente, não molha, não rasga e pode ser reciclado inúmeras vezes.

A empresa destina 64% de sua produção anual de 150 mil toneladas para o segmento de embalagens, que inclui os setores alimentício, gráfico, agrobusiness e pet food, e investe anualmente cerca de 2 milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento. “Considerando-se o alto índice de participação do BOPP em embalagens e rótulos de itens de uso doméstico, a separação e a coleta têm grande potencial de se tornar uma atividade, além de sustentável, economicamente viável para a cadeia de fornecimento”.

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